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sábado, 27 de dezembro de 2014
terça-feira, 23 de dezembro de 2014
4 POEMAS de NATAL
I - NATAL
A ideia de
Natal é uma ideia em construção
uma casa
comum de barro generoso
feito do
sangue e da probabilidade duma cidade
cheia de luz,
emergindo de obscuro impulso,
um
promontório temível que despedaça as águas
impelidas por
vento que vem do chão.
Evocar o
Natal é uma ideia de harmonia
entre os
naturais irmãos da terra,
o decurso
duma semente que floresce
ao calor dum
gesto sempre inacabado.
Façamo-lo
hoje ao cair da noite
para celebrar
a vida, numa ideia de paz
para que o
barro floresça em paz até ao fim.
II - NATAL
Vem das
profundezas do fim das trevas
um caminho
mítico para os exercícios da alegria
ali tão perto
no barro ainda mole dos antigos.
Assim o
pressentimos em fogos de encantamento
na enorme
plenitude do orvalho das manhãs.
Talvez nos
enredemos em ludíbrios ágeis
pela
cerimónia de louvar a imagem virtual dum deus
no seu nicho
distante negligenciando as vozes da planície
mas vale a
pena tentarmos nós próprios a utopia
porque os
deuses estão longe delidos noutros dilemas
noutras
abstrações inatingíveis
porventura
ainda mais utópicas que as nossas.
Diremos Natal
como quem diz um bálsamo
ou um
violoncelo tangendo um prelúdio chão
testemunho
duma fogueira na água
e no pó do
nosso destino também um murmúrio incerto
alheio à
vontade transparente das estrelas.
III - UMA
IDEIA DE NATAL
Uma ideia
persiste no coração do mundo:
a imagem pura,
a água limpa duma fonte
uma palavra
chã, em seu natural anseio.
Por ela
meditaremos em antiquíssimos relatos,
a viuvez dum
musgo na fraga da montanha
ou o desterro
para uma flor esfarrapada
tolhida em
absurdos espectáculos de agonia.
E façamos do
murmúrio um chão sadio
que floresça
a urze do chão remoto,
o ofício da
luz abrindo devagar a terra,
para os
frutos indomáveis da alegria.
Os nossos
dias também têm um sentido lato
superior às
minguas às figuras de excesso
mais profundo
que o mecanismo duma roda.
Por isso
celebremos hoje a ideia de Natal,
para que seja
um exercício repetido de louvor
à grandeza
anónima irrepetível duma vida.
IV - NATAL DOS
SEM-ABRIGO
Naquela noite
fazia frio fazia pena
ver almas
despedaçadas deitadas corpos entrouxados
dispersos nas
calçadas luzidias do passeio das ruas.
Caía uma
névoa fina que simulava chuva punhais
de raiva e
resignação ou antes uma levada de mágoa
de murmúrios
sem data sem fumo sem restos de cio
perdidos num
mar de pedras nas calçadas da rua.
Era uma noite
de claustros tambores rufando clamando
os clamores
da vida a náusea descrente na boca sofrida
o granito
fundido já duro das lutas perdidas
pisado nos
ossos nos ombros nos olhos que olham
as coisas de
fora nas coisas de dentro
e as noites
nos dias e os búzios na praia sem vento
soprando as
pedras do passeio da rua.
Doía a quem
doía não fora a noite uma noite
de
aprazimento em todas as aldeias da cidade
tempo de
alegrias acepipes farturas alvarinho
em casas
abastadas sobranceiras aos passeios da rua ‒
o mais vago
grave desígnio dum oráculo de plenitude
na inocência
das crianças nas crenças na sentença
dos
mecanismos que levam ao enternecimento
por ver a
chuva a cair sobre corpos alheios
prostrados
enrodilhados no manto do passeio das ruas.
sexta-feira, 19 de dezembro de 2014
segunda-feira, 15 de dezembro de 2014
POEMA DE NATAL (novo)
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sábado, 6 de dezembro de 2014
Poema de Natal III
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